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Porque os mesmos vinhos de países diferentes são... diferentes?

*A Pietra é a mais jovem aqui do time Wine Locals e começou a beber (vinho) há pouco tempo. Naturalmente, hora ou outra alguma dúvida aparece. Responder as dúvidas da Pietra aqui é a oportunidade de responder também mais pessoas que podem ter as mesmas dúvidas. A parte boa é que nós adoramos falar sobre vinho - dentro do que conhecemos como bebedores, não como enólogos ou sommerliers Considere esse post exatamente isso, uma boa conversa entre pessoas que gostam de beber vinho e conversar a respeito.*

O Merlot da Serra Gaúcha é o mesmo Merlot, digamos, da França?

Não, não é, mas vamos elaborar melhor essa resposta.

As dúvidas da Pietra tem ficado cada vez mais interessantes com o passar do tempo. Já falamos aqui de bag in box, fizemos um giro por espumantes, pelos Vinhos Verdes, rosés, taninos... E cá estamos hoje, vamos falar sobre algo que muito se ouve em qualquer conversa sobre vinho: TERROIR.

A Pietra não entende nada de vinho - Episódio 13: porque os mesmos vinhos de países diferentes são... diferentes?

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Pietra, vamos partir do preceito de que você já entendeu que modos de produção são diversos e que as vinícolas produzem várias linhas de vinhos, com várias faixas de valor.

Assim, vamos dar início a essa conversa tentando explicar de um jeito simples o que é *terroir* - e atenção ao *tentando*. Quando percebemos diferenças entre vinhos da mesma uva produzidos em lugares distintos, entender o significado de *terroir* o melhor fio condutor para analisar os porquês dessas diferenças.

O termo terroir vem do francês e não tem uma tradução para a língua portuguesa. Ele define a relação entre o solo, o microclima de uma região e o fator humano, o conhecimento e as técnicas usadas por quem produz, da qual se originam produtos que expressam características dessa relação.

No caso dos vinhos, o terroir de onde eles são produzidos é um fator diretamente responsável pelas características deles. Os diversos métodos de plantio, colheita e processamento das uvas. Solos mais secos, mais úmidos, mais rochosos ou menos; clima mais frio, chuvoso, seco, quente; o relevo e a relação com a altitude e a distância do mar, etc. Todas essas são características que, juntas, levam o nome de *terroir*, e atuam nas uvas que são colhidas e nos vinhos que são produzidos.

Dessa forma, qualquer diferença de região vai trazer características diferentes, não necessariamente países - o que quero dizer é: não precisa andar tanto entre dois Cabernet Sauvignon para perceber a diferença entre eles. O Cabernet Sauvignon da Serra Gaúcha já vai ser diferente do Cabernet Sauvignon da Campanha. Não é incrível? É bem incrível, né? Dá vontade de começar a degustar todos pra ir conhecendo as diferenças.

Acho que essa explicação ficou ótima, deu para entender de boas. Então vamos complicar.

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Complementando o *terroir*, o conceito de tipicidade explica características que se espera de um vinho a partir de uma comparação. É uma palavrinha da moda, boa pra largar numa mesa cheia de gente entendida do vinho, manda um "...acho que isso está muito ligado à tipicidade da região." e dá um gole de vinho só pra ver em silêncio alguns queixos caírem.

Apesar de parecer uma chatice, entender a tipicidade de um vinho está relacionado à degustar este vinho diversas vezes em lugares diferentes - não parece mais uma chatice, né?. A tipicidade é um conjunto de características que se manifestam no vinho e, de alguma forma, criando algo típico daquela uva ou daquela região. Um Pinot Noir brasileiro, um francês e um da Nova Zelândia serão diferentes entre si, cada um deles com características típicas. Tipicidade. :D